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Traumas e Distúrbios Alimentares: A Importância do Trabalho Conjunto entre Psicologia, EMDR e Acompanhamento Nutricional

Os distúrbios alimentares são condições complexas e multifatoriais, geralmente enraizadas em questões emocionais profundas, traumas e padrões disfuncionais de pensamento. Entre os principais transtornos alimentares estão a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e o transtorno da compulsão alimentar periódica. Para tratar essas condições de maneira eficaz, uma abordagem interdisciplinar é essencial, combinando a psicoterapia, especialmente com métodos como o EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing) , e o acompanhamento nutricional adequado.

Neste artigo, exploraremos como traumas podem desencadear distúrbios alimentares, como o EMDR pode auxiliar na restrição emocional e de que forma o trabalho conjunto com a nutrição pode levar a um processo de recuperação mais eficaz.

A Relação entre Traumas e Distúrbios Alimentares

A conexão entre traumas e distúrbios alimentares tem sido amplamente estudada, e pesquisas indicam que eventos adversos na infância e adolescência aumentam significativamente o risco de desenvolvimento dessas condições. Experiências como abuso físico, emocional ou sexual, negligência, bullying, exclusão familiar, luto ou até mesmo pressões sociais e culturais podem atuar como gatilhos para padrões disfuncionais de alimentação.

Muitas vezes, a relação com a comida se torna uma forma de lidar com emoções que uma pessoa não consegue de forma consciente. Alguns exemplos incluem:

  • Restrição alimentar extrema (anorexia nervosa) : Um mecanismo de controle sobre o próprio corpo e emoções.

  • Episódios de compulsão alimentar (bulimia ou transtorno da compulsão alimentar periódica) : Uma tentativa de preencher um vazio emocional ou lidar com a angústia.

  • Vômito autoinduzido e uso de laxantes : Sensação de "alívio" ou "expurgo" de sentimentos negativos.

A neurociência já demonstrou que eventos traumáticos alteram a forma como o cérebro processa memórias e regula emoções, deixando a pessoa mais vulnerável ao desenvolvimento de transtornos alimentares.

O Papel do EMDR na Recuperação dos Distúrbios Alimentares

O EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing) é um método terapêutico que atua diretamente no reprocessamento de memórias traumáticas, permitindo que o cérebro ressignifique eventos dolorosos de maneira mais adaptativa. Esse método tem indicação eficaz no tratamento de traumas subjacentes que perpetuam os distúrbios alimentares.

Como o EMDR funciona no contexto dos distúrbios alimentares?

  1. Identificação de Traumas Relacionados à Alimentação

    • Durante a terapia com EMDR, uma pessoa é incentivada a identificar lembranças e experiências que possam ter contribuído para sua relação disfuncional com a comida.

    • Exemplos: Comentários negativos sobre o corpo na infância, experiências de abuso, intoxicação social, bullying ou eventos estressantes ligados à comida.

  2. Acesso e Reprocessamento das Memórias

    • Através da estimulação bilateral (movimentos oculares, sons alternados ou toques leves), o cérebro consegue acessar e reprocessar essas memórias, aliviando a carga emocional associada a elas.

    • Isso ajuda a reduzir sentimentos de culpa, vergonha e necessidade de controle sobre a alimentação.

  3. Fortalecimento de Crenças Positivas

    • O EMDR trabalha para substituir idéias negativas enraizadas ("Sou indesejável", "Não tenho controle", "Não sou suficiente") por pensamentos mais saudáveis ​​e realistas ("Meu corpo merece respeito", "Eu posso cuidar de mim", "Sou importante além da aparência").

  4. Redução da Ansiedade Relacionada à Alimentação

    • Com a diminuição do impacto emocional dos traumas, o comportamento alimentar tende a se tornar mais equilibrado e menos impulsivo.

O EMDR se mostra particularmente eficaz para pessoas que desenvolvem transtornos alimentares como uma forma de lidar com estresse pós-traumático, uma vez que atua diretamente na raiz emocional do problema.

O Acompanhamento Nutricional e sua Relevância no Tratamento

Embora a psicoterapia seja essencial, um tratamento eficaz para os distúrbios alimentares precisa incluir a reeducação alimentar, conduzida por um nutricionista especializado. O objetivo não é apenas restaurar o peso adequado (no caso de anorexia, por exemplo), mas também ajudar o paciente a reconstruir uma relação saudável com a alimentação.

Principais estratégias nutricionais no tratamento dos distúrbios alimentares:

  1. Educação Nutricional e Desmistificação de Crenças Alimentares

    • Muitos pacientes possuem distorções sobre alimentação e nutrição, como o medo irracional de certos alimentos ou a ideia de que restrições de calorias são sempre positivas.

    • O nutricionista pode ajudar a reconstruir uma relação positiva com a alimentação, baseada na nutrição e não na proteção.

  2. Plano Alimentar Individualizado

    • Cada paciente tem necessidades específicas e diferentes níveis de liberdade em relação à comida.

    • O plano alimentar deve ser adaptável, considerando não apenas os aspectos fisiológicos, mas também os desafios emocionais.

  3. Trabalho em Conjunto com a Psicoterapia

    • O nutricionista pode trabalhar com o psicólogo para entender os padrões emocionais do paciente e evitar abordagens que possam gerar mais ansiedade e resistência.

    • Técnicas como alimentação intuitiva e alimentação consciente (alimentação consciente) podem ser incorporadas ao tratamento para ajudar na reconexão com os sinais internos de fome e saciedade.

  4. Monitoramento e Apoio Durante o Processo de Recuperação

    • Mudanças na relação com a comida levam tempo e desativam um acompanhamento contínuo para evitar recaídas.

Abordagem Integrada: Psicologia + EMDR + Nutrição

Para que o tratamento dos distúrbios alimentares seja eficaz e duradouro, é essencial que ele envolva a integração entre psicoterapia, EMDR e acompanhamento nutricional. Algumas das principais razões para essa abordagem são:

  1. Tratar a causa e não apenas os sintomas

    • Apenas focar na reeducação alimentar sem lidar com os traumas subjacentes pode levar à reincidência de padrões disfuncionais.

  2. Reduzir a Ansiedade e a Autossabotagem

    • Muitos pacientes sabem racionalmente que precisam se alimentar melhor, mas a carga emocional impede uma mudança. O EMDR ajuda a desbloquear essas barreiras.

  3. Promover uma Recuperação Sustentável

    • A combinação entre ressignificação emocional e orientação nutricional permite que o paciente desenvolva uma relação saudável e tensão com a comida.

  4. Favorecer a Autoestima e a Conexão com o Corpo

    • Ao reprocessar memórias traumáticas e aprender a se alimentar de maneira equilibrada, o paciente passa a enxergar seu corpo com mais respeito e facilidades.

Conclusão: O Caminho para uma Nova Relação com a Comida e com o Corpo

Os distúrbios alimentares são condições complexas que vão muito além da alimentação em si. Eles estão frequentemente ligados a traumas, inseguranças e opiniões negativas enraizadas. O tratamento eficaz precisa abordar tanto os aspectos emocionais quanto os nutricionais.



 
 
 

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