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Quem você será neste ano de 2021?



Sonho com um tempo que não seja mais necessário fazer reflexões sobre atitudes obviamente danosas para a vida em sociedade, mas ainda não vivemos essa realidade. É necessário pontuar, reforçar, relembrar e de forma consistente chamar atenção para as virtudes que são indicadas desde a antiguidade como fonte de uma vida feliz para si e para a humanidade.


No ano de 2020, do início da Pandemia do COVID-19, fomos forçados mais uma vez, agora de forma intensa, enfrentar uma realidade de que a limitação de consciência de parte da sociedade com relação a coletividade não pode ser negada, pois seus danos são catastróficos. O negacionismo da ciência esteve atrelado a atitudes agressivas, destituídas de coerência, empatia e ética.


Quando no início de 2020, em minha cidade, observei um outdoor que solicitava apoio para dizer “não” a uma lei contra notícias falsas, com o argumento que vivemos uma democracia fiquei chocada, e durante dias fiquei remoendo essa informação chocante. Como pessoas podem relacionar democracia com o direito de divulgar notícias falsas que tantos danos causaram e ainda causam a sociedade? Mal, sabia o que estava por vir, uma Pandemia em que presenciamos o pior do ser humano, o egoísmo de não querer deixar de ver amigos, de fazer festas. Além de validar discursos que fortalecem a supremacia da economia e dos lucros de muitos em detrimento da fome e sofrimento da maioria.


Vimos o surgimento de inúmeros cientistas, que concluíram seus doutorados nas universidades do achismo e das inúmeras mensagens falsas, distribuídas nas salas de aula do whatsapp. O desrespeito aos verdadeiros estudiosos e grupos sérios que dedicam sua vida a ciência beirou a crueldade e presenciamos atitudes suicidas com a negação das orientações das autoridades científicas. O resultado é desolador, pois terminamos 2020 com quase 200mil mortos e vendo o mundo sendo vacinado e nós suportando discursos absurdos, pautados em lógicas sombrias sobre os motivos de ainda não termos iniciado a vacinação. Então, me pergunto quem seremos em 2021? Individualmente que escolhas irão impactar positivamente sua relação com as pessoas a sua volta, com a sua profissão e com sua evolução como ser humano?


Irá ser aquele que adota uma atitude humilde de honrar o conhecimento daqueles que dedicam suas vidas ao estudo e pesquisa, ou irá fazer o coro com aqueles que repassam informações de medidas e tratamento científicos ditados por pessoas leigas?


Preciso assumir que 2020 me levou a um extremo exercício de estar atenta para não julgar e não alimentar sentimentos de irritação com essa inundação de falta de ética e coerência. Me peguei várias vezes me questionando qual o limite da tolerância e da hipocrisia. Ser tolerante com aquele que não entende dos protocolos da ciência, mas não será hipocrisia me calar? Não que eu seja uma pesquisadora, mas a graduação, a especialização e com mestrado posso ter noção do que significa a ciência e a seriedade dos protocolos desta para a saúde. E, com certeza sei que nada sei diante de grandes grupos de pesquisadores, no entanto, posso ser coerente e compreender que não se colocaria países inteiros em risco de forma leviana e irresponsável.


Sempre tive orgulho do meu país, mas nos últimos tempos, notadamente neste ano sinto constrangimento diante de questionamentos de amigos de outros países, pois somos constantemente manchetes internacionais por descaso com as orientações e medidas de prevenção com relação a covid-19. Não é justo que nosso país que tem grandes pesquisadores, com feitos incríveis na ciência sejam nublados por discursos negacionistas, bem como por teorias conspiratórias que beiram a surtos psicóticos.


Quero poder em 2021 retomar o orgulho de ver nossos pesquisadores, a ciência, os profissionais da saúde e os educadores sendo respeitados e honrados. Essa Pandemia mostrou que rumos uma sociedade terá quando não é investido de forma prioritária e consistente em educação, ciência e arte. Voltamos as trevas da Idade Média, com muita rapidez e nos leva isolamos com relação ao restante do mundo, pois outras nações desejam se proteger desse retrocesso.


Quero ver os jovens com esperança, com mente aberta para a evolução e com atitudes inovadoras e que nos ajude a superar essa fase sombria que vivemos neste ano de 2020. Sim, quero ser alguém que inspire e que possa olhar para todos com o coração leve porque fiz minha parte nesta Pandemia. Quero poder ouvir as histórias de superação e de vitória. E, que o amor incondicional seja mais importante do que a busca egoísta de poder.


Que possamos coletivamente nos dedicar mais para vencer as desigualdades do que para negá-las, que consigamos vencer a cegueira promovida pela ausência de reflexões coerentes e justas que nega as atrocidades do racismo, do feminicídio e da intolerância religiosa.


Quero ser contribuição para um mundo melhor para todos e você?


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