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Lições em Tempos de Pandemia: Sexta lição Altruísmo

Desde muito jovem pensava nesta palavra com certa admiração, achava bela, e até agradável de pronunciar, mas não imaginava o quanto ela é profunda e o quanto ela representa nossa vitória diante de todas as dificuldades e dores da vida. E, a cada atitude altruísta que presencio neste contexto de Pandemia me emociono, sinto uma sensação de certeza que há muito mais pessoas boas nesse mundo do que podemos imaginar. E, elas estão em todos os lugares, independente de condição econômica.

Ser altruísta é acima de tudo se doar, sem ao menos cogitar isso como um sacrifício. A pessoa sente como parte da sua condição humana e de sua necessidade de ser útil a humanidade, e faz isso não em um momento específico, mas é uma postura permanente. Diria que o desapego dessa pessoa a leva a não cogitar que seus interesses pessoais precisam estar acima do bem comum. A generosidade está no altruísmo, bem como o seu agir está repleto de ações generosas.

Numa sociedade capitalista tende-se a considerar altruísta aquele que faz grandes doações financeiras, mas nem sempre isto é altruísmo depende do motivo desta doação, se houver mesmo que velado o interesse de ganhos pessoais , sejam de qual natureza for deixa de ser uma ação altruísta, mesmo que beneficie muitos, diria que é uma boa ação. Felizmente, neste contexto social, que estamos vivendo, muitos pessoas estão buscando da sua maneira realizar algo em benefício de todos.

Ser altruísta é se doar com generosidade e pode ser realizado a partir daquilo que a pessoa faz de melhor, pode ser oferecer suas habilidades, pode ser sua arte, seu saber e às vezes apenas dedicar a sua atenção, ou seja, se fazer presente para o outro e, nesse momento de isolamento social é um ato de generosidade. Todos podemos ser criativos e criar formas de diminuir os danos dessa situação de Pandemia. E, para que fazer isso?

A Psicologia Positiva tem demonstrado por meio de seus estudos o que antigos conhecimentos filosóficos indicavam, que quanto mais uma pessoa é altruísta, mais essa pessoa é feliz. Recapitulando o que foi falado nas lições anteriores é possível compreender faz sentido, pois se buscamos ter paciência acalmamos nossa mente e esta verá com mais clareza o contexto, nesta condição conseguimos ter mais confiança em nossas capacidades e habilidades. A busca do equilíbrio, ou seja, agirmos de forma tranquila e coerente nos possibilitará olhar para o mundo com mais tolerância. E, podemos nos desapegar do que não é prioridade para o bem comum. Desta maneira temos a base para sermos altruístas.

A pessoa altruísta tem como ideal fazer o bem sem ter a esperança de retorno, pois ela compreende que o ganho está na sensação de completude que sente ao se doar. E, posso garantir que em 24 anos atendendo em consultório como Psicóloga Clínica, muito dos sofrimentos advém da dificuldade acentuada das pessoas de compreenderem que somos mais beneficiados quando ajudamos, do que quando ficamos numa postura de vulnerável, ou seja, daquele que precisa receber e ser cuidado.

Os sofrimentos e traumas vividos, principalmente na infância, podem levar uma pessoa ficar presa na sensação de vulnerabilidade e acreditar que não tem capacidade de cuidar de si e do outro, então sofre buscando uma proteção que não será possível conseguir, pois é um adulto e não mais uma criança. Uma criança que foi amada, educada com coerência, estabilidade e verdade, terá muito mais condições de ser um adulto capaz de cuidar e amar. Mas, não se apegue nisto para se impedir de experimentar a grandeza que é fazer o bem para o outro, se fechar os olhos e buscar em suas memórias situações em que foi feliz, verá que são situações em que foi generoso, prestativo e gentil. Podemos nos curar de muitas dores, feridas do passado quando nos permitimos amar o outro de forma impessoal e abnegada.

E, sabe como você pode se sentir mais forte nesta Pandemia, buscando dentro de você formas de contribuir, maneiras de ser útil a alguém. Vejo alguns exemplos de crianças, que nos fazem perceber que ser capaz de ser altruísta não é algo que aprendemos por sermos adultos, mas talvez esqueçamos justamente porque nos perdemos nas exigências consumistas da nossa realidade. O menino Léo virou notícia em todo o Brasil, após doar R$ 21,45 para o Hospital São José, em Antônio Prado, município de 13 mil habitantes na serra gaúcha. Durante uma semana ele catou latinhas e doou o valor conseguido, ele desejava colaborar no combate à pandemia. E, isso é uma atitude altruísta, mesmo diante de sua vulnerabilidade de ser uma criança e de sua condição social e econômica ele queria ser uma contribuição para diminuir a dor dos outros.

Um menino achou uma forma de colaborar, tenho certeza de que todos podemos encontrar, e dessa maneira estaremos nos reconstruindo enquanto sociedade, fortalecendo o bem e o amor. Vamos nos curando das dores do passado, e construindo novas memórias. E, nessas memórias teremos o registro da sensação de paz e felicidade de podermos ajudar a minimizar a dor do outro.


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