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Lições em tempos de Pandemia: Quarta lição Tolerância

Certamente não foi a Pandemia que disparou a intolerância, com o advento do mundo digital, notadamente as redes sociais, tem tornado mais visível a intolerância que antes vivia circunscrita nas mentes das pessoas, ou em seus pequenos mundos privados. No entanto, a manifestação da intolerância diante de um contexto de ameaça a vida humana é mais assustadora, na Pandemia todos somos possíveis vítimas, neste momento a prioridade é salvar, mas mesmo diante deste contexto vemos os “berros” da intolerância agravando a situação.

Aceitar que o outro tenha opiniões diferente exige abertura mental e senso de coletividade, pois é preciso compreender que somos pluralidade, culturas, religiões, raças, gêneros e que as diferenças não precisam ser eliminadas, mas respeitadas, preservadas e vistas como fonte de enriquecimento social. A humildade é a atitude que nos permite vencer a arrogância de ter que ser o dono da verdade, bem como nos permite a abertura para enriquecer a visão de mundo e de ser humano.

É fundamental não confundir tolerância com fraqueza, ou com passividade diante daquilo que ameaça a integridade ou o bem estar de alguém. Neste momento da Pandemia ser tolerante com quem promove aglomeração, ou se nega a usar máscara é ser cúmplice do vírus, e beira a hipocrisia, pois estamos abonando atitudes que irão prejudicar o coletivo. É preciso agir com cautela e firmeza para não fortalecer essas atitudes danosas.

Muitos podem pensar, mas cada um tem o direito de se manifestar como desejar, todos tem que ter sua liberdade de expressão, eis aqui uma grande questão, pois se minha expressão coloca em risco a segurança de muitos é necessário em nome da ética e do bem coletivo ser contida. Lembre-se a liberdade de expressão deveria estar condicionada a uma ética pessoal elevada e que “sempre” incluísse o respeito. Por exemplo: Eu quero dirigir em alta velocidade no centro da cidade, tenho direito a essa liberdade? Quero comemorar meu aniversário com todos os meus amigos, mas estamos em Pandemia, tenho liberdade de ir e vir, tenho poder sobre minha propriedade privada, então é justo e tenho direito de promover uma aglomeração?

Estes exemplos podem ser exagerados, mas eles demonstram que ser tolerante não pode nos tornar cúmplices de atitudes incoerentes e egoístas. Ser tolerante é ser um agente de atitudes respeitosas, éticas e equilibradas. E, todos percebemos que os assuntos que mais geram atos intolerantes estão relacionados a política e religião, estes temas aliados a atitudes destituídas de ética e respeito são extremamente danosas.

Todos temos o direito de ter nossas escolhas políticas e religiosas, mas isso não significa que se tem o direito e a liberdade de impor ao outro a aceitação das suas verdades, ou que a discordância de ideias justifique expressões de desrespeito. E, neste momento de Pandemia quem tem que ter a voz mais considerada é a ciência, pois somente a ciência tem competência para analisar a situação, indicar protocolos de como agir para evitar que o vírus se dissemine de forma descontrolada, bem como somente a ciência, por meio da autoridade cientifica internacional pode indicar os protocolos de atendimento. O fato de uma pessoa ser da área da saúde não a torna capaz de compreender todo o contexto dessa Pandemia, é preciso ter humildade e aguardar os estudos das equipes de cientistas que se dedicam a esse segmento da ciência, para que possamos seguir orientações com segurança.

Somos todos parte da humanidade, ser intolerante muitas vezes é fruto de orgulho e sentimento de superioridade. O intolerante precisa se conscientizar que ele não é mais e nem menos do que qualquer outro ser humano, ele é parte do coletivo e o que ele causa no outro, poderá e certamente irá em algum momento prejudicar a ele também.

A Pandemia tem escancarado a nossa fragilidade humana, tem alertado para a necessidade de que reconheçamos que não há nação mais importante que a outra, que somos todos vulneráveis senão adotarmos uma postura de ajuda mútua. E, gostaria de pontuar que o termo tolerância muitas vezes tem sido compreendido como “eu te tolero, eu te aguento”, então proponho que exercitemos o sentimento, a postura de acolhimento.

Acolher o outro, com todo o direito de ele ser quem é, acolher o outro sem necessidade de impor as suas crenças, vamos focar no que é prioridade neste momento, salvar vidas. Acolha com amor as atitudes de cuidado, acolha em seu coração todos os profissionais que estão de dedicando a salvar vidas, aqueles que estão oferecendo as condições para que o isolamento social seja mais efetivo. Acolha e busque agir para ser solidário, quando buscamos adotar atitudes de paciência, temperança e acolhimento abrindo espaço para sermos criativos nas mais diferentes formas de sermos solidários.

A solidariedade neste momento de Pandemia precisa ser criativa e efetiva, não se perca no medo, na arrogância temos algo mais importante a fazer, temos que nos ajudar, temos que encontrar soluções para auxiliar aqueles com mais necessidades, sejam essas necessidades materiais, emocionais ou educativas. Que a sua capacidade de acolher seja mais forte do que a necessidade arrogante de se sentir mais do que os outros seres humanos e, que sejas capaz de descobrir que somos mais fortes quando pensamos e agimos em nome da coletividade.



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